segunda-feira, 17 de outubro de 2011

a neblina do orvalho húmido esfrego nas palmas das mãos e não sinto nada. é um gelo.


pássaros em rebeldia.
tudo são pássaros em rebeldia.
mesmo quando não encontramos justificação possível: são pássaros em rebeldia.
olho para trás e não vejo nada. um grande espaço em branco.
no cantinho tudo o que ficou foi um longo suspiro trémulo.
as paredes tinham aquele sabor de cor violeta amachucada que se prendia no ar ofegante do verão. 

imagino-a na rua...
mas hoje não que está muito vento e os cabelos cobrir-se-lhe-iam pelo rosto e eu não a conseguiria ver.


são instantes firmes. nunca me falharam.
conduzo embriagado na esperança de a ver pedir boleia na berma da estrada.
ainda não a vi.
só vejo luzes vermelhas desfocadas. o branco no centro que não posso transpor e o escuro que me acompanha. mais nada.

a neblina do orvalho húmido esfrego nas palmas das mãos e não sinto nada. é um gelo.

1 comentário:

  1. exposição maravilhosa de uma panóplia de sentimentos extremamente difíceis de transpor para o papel.

    continui a gelar sem conseguir respirar mas porquê?

    qual o propósito de respirar quando não é meio de a encontrar perante a neblina?

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