sexta-feira, 21 de outubro de 2011

abrir a palma da mão e senti-la vazia


na rebentação das ondas morri.
o meu corpo foi encontrado na areia da praia.
escureci apodreci endureci.
estava condenada.
nas mãos cordas
nos pés cortes
no rosto sal.
tinha caminhado demasiado sofrido demais
não pude salvar-me.
fui então mergulhada no mar

um céu de nuvens
um mar de ondulação
uma tempestade
uma tristeza
erros e remorsos

se ficar por aqui
que seja
mas amar-te mais
que tenha um fim.

ver alguém desaparecer é como abrir a palma da mão e senti-la vazia. 

 
Music by A banda mais bonita da internet - oração.

2 comentários:

  1. Digo-te com conhecimento de causa que a vida é um exercício de libertação, mas depois reconheço que nada sei e calo-me. Irrito-me com as pedras que não se comovem com o peso que lhes cai em cima mas invejo-as em segredo. Keep on writing my dear friend, L.

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  2. É o desafio da própria vida em si. É incrivelmente carrossélica mas parece que isso nos dá gozo. Cá estamos.

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